domingo, 6 de março de 2011

A poesia está guardada nas palavras - é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias
(do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado e chorei.
Sou fraco para elogios.



Manoel de Barros
(Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo)

3 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tatiana Lazzarotto disse...

Eu sei que pode parecer nada a ver, mas desde que você me falou desse poema eu lembrei desse aqui:

LABIRINTO

Acho bonito falar alemão.
Por isso, talvez, eu não queira aprender a falar alemão.
Seu eu falasse alemão
as pessoas iriam dizer, simplesmente, “ele fala alemão”
e aí perderia toda a graça.

A graça está em achar bonito falar alemão.
Por isso, às vezes,
eu deixo de fazer algumas coisas.
Deixo de dizer que te amo
porque dizer que te amo soaria como uma banalidade a mais
nesse mundo cheio de banalidades.
e onde habito eu, um poeta das banalidades
E simplesmente me calo, deixo a barba crescer
escrevo poemas para depois apagá-los de minha lembrança
e esqueço coisas que seriam inesquecíveis
simplesmente porque perdi a capacidade
de reter as coisas boas em minha memória.

(Hermínio Bello de Carvalho)

Lubi disse...

manoel de barros é um grande poeta.
inspirador.