terça-feira, 5 de julho de 2011

Minha nem tão quadrada raiz

Meu pai é professor de Álgebra e gosta de mim. Por mais que deseje subtrair a mãe de sua vida, diz que não pode, porque foi a soma dele mais ela que resultou eu, fraçãozinha sua elevada ao mundo que veio pra potencializar. A mãe deixou a gente há um infinito de tempo, nem lembro. O pai lembra. Cansou de ser divisora e dividida sem nunca ter um quociente decente por parte dele, e foi-se firme pisando duro em direção à rodoviária, gritando que dois e dois são cinco sim senhor, e que máximo denominador comum era a puta que o pariu. Não foi fácil vê-la enaltecer o absurdo do Roberto e esculhambar a lógica do Raul assim, na mesma frase, relembra o pai emocionado.
O pai recuperou, reparou na esperança saltando multiplicada do berço meu, decidiu não aceitar mais a dízima periódica vida e voltou a ser número inteiro.
Não vê a hora de eu completar 6 anos pra me pôr no Kumon.

*exercício feito no curso Narrativas Breves, do Marcelino Freire.

1 comentários:

Tatiana Lazzarotto disse...

é, você tem linguagem.
bela linguagem.